quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ciência Forense - Exame de DNA X

Este fato já foi citado em outro artigo, desta mesma série, sobre manchas de sangue, mas é interessante relembrarmos, pois a partir dele as autoridades americanas passaram a rever as regras de coleta e armazenagem de evidências. Havia uma acusação contra ele de duplo homicídio, após a descoberta dos corpos de Nicole Simpson e Ron Goldman, sua ex-mulher e amigo, respectivamente. A polícia encontrou uma cena de crime com diversas provas latentes: peças de vestuário, pegadas e uma trilha de sangue que revelava o caminho percorrido pelo criminoso (a).

Seguindo estas pistas, os policiais chegaram à casa de O. J. Simpson, obtendo, no local, mais evidências: manchas de sangue em seu carro, nas suas meias e no chão do jardim. Exames de ADN comprovaram que esse sangue era das vítimas. Assim, a promotoria acreditava ter nas mãos um caso que não poderia ser contestado. Mas foi surpreendida pela estratégia dos advogados de defesa: o questionamento das provas.

As câmeras de televisão flagraram um perito coletando amostras sem a utilização de luvas, enquanto outros não as trocavam entre cada coleta, sem falar no número de pessoas circulando na cena do crime, a qual não tinha sido isolada adequadamente. Além disto, as evidências não foram identificadas e registradas previamente, as amostras foram conservadas e empacotadas sem a devida separação e, o mais grave: a coleta foi feita por apenas uma pessoa, sem testemunhas.

Finalmente, os advogados provaram que o laboratório criminal da polícia de Los Angeles não cumpriu padrões mínimos de manuseio, preservação e separação das evidências e O. J. Simpson foi inocentado. É aquela velha história. Há bons e maus profissionais em todo lugar.

Existem os sérios, comprometidos com a importância de suas ações e, principalmente, com os reflexos de possíveis equívocos cometidos. Porém, outros que não possuem éticas e preocupação com os resultados de seus atos. Considerando a idealidade na coleta e análise, um aspecto de erro que se sobressai é o estatístico.

O fato de duas amostras possuírem o mesmo perfil para um grupo de marcadores genéticos em especial não significa, necessariamente, que elas tenham uma origem comum. A interpretação dos testes depende das freqüências populacionais para cada marcador genético utilizado, conforme comentado anteriormente. Portanto, quando o resultado do exame de ADN de duas amostras é igual, torna-se necessário expressar numericamente a sua significância.

Realizar o exame de ADN com qualidade a fim de servir a um teste de paternidade ou, no caso da ciência forense, para acusar ou inocentar um determinado suspeito de um crime, não é uma tarefa fácil. Fica aqui a esperança que os órgãos competentes cumpram com sua missão de orientar e fiscalizar os laboratórios e que estes últimos invistam em pesquisa e tecnologia de ponta objetivando garantir que os inocentes sejam liberados e que os culpados sejam punidos.

Banco de dados de ADN Hoje todo exame de ADN é comparativo. Os institutos de perícia trabalham comparando o ADN do suspeito com o das evidências. A tecnologia disponível na atualidade, no entanto, não permite traçar características genéricas, a partir do ADN coletado, que possibilitem uma seleção de pessoas para posterior investigação.

Devido a isto, nos casos negativos, ou seja, quando o suspeito não é a fonte do ADN encontrado, não há possibilidade de descobrir potenciais agressores. Um sonho para os estudiosos na área é chegar num nível em que o exame de ADN permita, por exemplo, a reprodução de uma imagem do rosto da pessoa que deixou a evidência no local do crime. Séries e filmes de investigação criminal, de ficção ou realidade, às vezes, aproximam-se desta aspiração, fazendo com que certos resultados possam ser obtidos.