quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A Outra Morte De Isabella

Ele nasceu em Penápolis, onde moram seus pais e seus sogros. Os computadores que ele usava ao visitá-los foram apreendidos. No dia 30 de maio, o delegado Domingues foi ao quartel do Batalhão Policial, na zona norte, onde Braz trabalhava. “Às minhas perguntas, ele dava uma mesma resposta, ‘não me recordo’”, diz Domingues.

“Parecia sereno, mas tinha o semblante preocupado.” A Justiça concedera a ele uma ordem de busca e apreensão. Com ela, Domingues e oficiais do Serviço Reservado e da Corregedoria da PM foram ao apartamento de Braz. Ele fora desarmado, e os oficiais o escoltavam.

À porta do apartamento, Braz fez um pedido: queria entrar sozinho, para prevenir sua mulher. “Eu disse a ele: ‘Fique no campo de visão’. Vi a mulher na sala, falando ao telefone, mas ele passou direto por ela. Comecei a chamar: ‘Tenente, volte aqui’.

Corri atrás dele e, no quarto, encontrei-o mexendo em um armário. Eu disse: ‘Volte para a sala’. Ele se virou, com uma arma em punho. Aí os oficiais entraram. Ele passou por mim e correu para o banheiro. Não deu tempo para nada. Fechou a porta e ouvimos o tiro”, afirma Domingues.

A bala atravessou a porta e caiu aos pés dos policiais. “Não sabíamos se ele havia se suicidado ou estava atirando contra nós.” Era suicídio. Em Penápolis, a família de Braz levava uma vida tranqüila. O pai, Tarcísio, se aposentara da Prefeitura. Braz ligava para a mãe, Helena, dia sim, dia não. Nos fins de semana, quando podia, os visitava. Ficava hospedado na casa da sogra, mas toda manhã passava na padaria, comprava pão e ia tomar café com os pais.