Márcio, o pai-de-santo (à esq.), nega pedofilia
Na cidade, as pessoas gostavam muito dele. Um amigo, também oficial da PM, chegou a dizer que, de tão correto, chegava a ser chato. Na adolescência, ganhou medalhas disputando corridas em torneios da região. Em 1994, já sargento do Exército, foi transferido para Porto Murtinho, Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai.
Lá, afirmava ter tido uma filha, hoje com 11 anos. Mesmo sem ter certeza de que era o pai, pagava sua pensão. A irmã mais velha de Braz, Flávia, conta que seus pais foram a Porto Murtinho, recentemente, para se submeter a exame de DNA. “Se for mesmo filha do Fernando, meus pais querem legalizar a situação”, diz ela.
Braz queria ser oficial da Polícia Militar. Os pais o ajudaram a pagar um curso preparatório para a Academia do Barro Branco, em São Paulo. Fez a academia e saiu como tenente. Assumiu o posto em Penápolis. Há quatro anos, casou-se com Juliana, uma moça da cidade.
“O casamento foi muito bonito”, diz Flávia. Um acontecimento de gala. “Vinte e cinco oficiais fardados vieram para a cerimônia". Quatro meses antes do suicídio, Braz foi transferido para a PM de São Paulo. Morou algumas semanas sozinho, para deixar em ordem o apartamento que comprara. Só depois Juliana se mudou.
Tudo estava perfeito – ou pelo menos parecia. No dia 30 de maio, a tranqüila vida da família Braz, de Penápolis, começou a entrar em colapso logo cedo – às 8 horas da manhã. Um policial procurou Tarcísio, o pai do tenente, para apreender o computador da casa. Não ofereceu detalhes.
Disse apenas que Fernando estava sob investigação. Às 10h30, uma ligação da delegacia: Fernando se matara. “Foi um choque”, diz a irmã Flávia. “Achamos que o Fernando errou, devia ter tido a coragem de enfrentar os fatos. Mas entendemos seu gesto".
O suicídio teve repercussão imediata. Tratava-se do oficial que atendera ao caso Isabella. A defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá sustenta que ela foi morta por alguém que entrou no apartamento onde o casal morava e cometeu o crime. Um policial pedófilo poderia ser esse “alguém”? O próprio tenente Braz comandou as buscas no prédio e nas redondezas, à procura de um suspeito – e não encontrou nenhum.