Apenas uma das quatro testemunhas de acusação escolhidas pelo promotor Francisco Cembranelli para serem ouvidas no julgamento do casal Nardoni, marcado para o dia 22 de março, difere-se das testemunhas de defesa. As outras três também foram intimadas por Roberto Podval, advogado de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá.
A mãe de Isabella, Ana Carolina Cunha de Oliveira, considera que o ex-namorado e a esposa dele são culpados pelo crime e é a única testemunha que foi escolhida apenas pela acusação. No dia 29 de março de 2008, Isabella, então com 5 anos, morreu após cair da janela do 6º andar do Edifício London, na zona norte da capital paulista.
Conforme Cembranelli, as testemunhas em comum entre as duas partes são: Paulo Sérgio Tieppo Alves, médico do Instituto Médico Legal (IML); Rosângela Monteiro, perita do Instituto de Criminalística (IC); e Renata Helena da Silva Pontes, delegada do 9º DP. “Eu arrolo primeiro, eles é que escolheram três iguais as minhas”, afirmou ao iG.
O advogado criminalista Sergei Cobra Arbex, que foi assistente de acusação no julgamento do jornalista Pimenta Neves (condenado por matar a ex-namorada Sandra Gomide, em 2000), explica que, quando as duas partes têm interesse em ouvir uma mesma pessoa, é comum que ela esteja em duas listas. Mas, isso não significa que será ouvida duas vezes. “Já vi muito advogado se dar mal por causa disso. Não inclui como testemunha porque o Ministério Público já intimou. Daí, na hora do julgamento, a acusação desiste de ouvir e a defesa também fica impossibilitada de interrogar”, diz.
Estratégia da defesa
A lista de testemunhas da defesa do casal Nardoni é composta, basicamente, por pessoas que participaram da investigação do caso. Há peritos, médicos, investigadores e escrivães. Além deles, está também Geralda Afonso Fernandes, vizinha de frente do Edifício London; Gabriel dos Santos Neto, pedreiro de uma obra nos fundos do prédio; e o jornalista da Folha de S.Paulo Rogério Pagnan, que escreveu uma matéria sobre o caso onde Santos afirmava que a construção havia sido arrombada na noite do crime.
Procurado, o advogado Roberto Podval não atendeu a reportagem para comentar sobre a seleção das testemunhas. Porém, para especialistas no assunto, está claro que, pela escolha feita, a defesa tentará mostrar falhas na investigação e na elaboração das provas.
Segundo Arbex, irregularidades cometidas durante o processo agora munem a defesa de argumentos a favor do casal. “A investigação ficou restrita ao casal e foi muito rápida em culpá-los. É preciso abrir o máximo possível o leque de suspeitos, até para que a defesa não explore isso”, diz.
Outra falha na visão do advogado foi a não preservação do apartamento, que só foi interditado pela polícia quatro dias após o crime. No dia 31 de março, por exemplo, cerca de duas horas após o enterro da neta, Antonio Nardoni , pai de Alexandre, confirmou que esteve no Edifício London. Segundo ele, apenas para buscar roupas.
O fato do apartamento não ter sido lacrado foi, inclusive, um dos motivos que levaram a defesa a entrar no STF com um pedido de retirada da acusação de fraude processual. O ministro Joaquim Barbosa negou a liminar e manteve a data do julgamento.
O promotor Cembranelli afirma que logo na noite do crime peritos entraram no apartamento, fotografaram e apanharam objetos. “Já nessa 1ª perícia havia indícios de que o local tinha sido adulterado e as provas suprimidas”, defende, e acrescenta que isso não prejudicou a elaboração dos laudos. Não é o que pensa Arbex: “é uma coisa básica preservar o local do crime e isso vai ser muito explorado pela defesa”.
Podval tentará provar a inocência do casal e convencer os jurados de que uma terceira pessoa cometeu o crime. Mas, caso as provas não mostrem inocência, tentará provar que elas também não comprovam a culpa. “A defesa deve se apoiar nas falhas da polícia e tentar mostrar que a prova foi mal constituída. A dúvida sempre favorece o réu e quando existe dúvida não se pode condenar”, afirma Arbex.
A mãe de Isabella, Ana Carolina Cunha de Oliveira, considera que o ex-namorado e a esposa dele são culpados pelo crime e é a única testemunha que foi escolhida apenas pela acusação. No dia 29 de março de 2008, Isabella, então com 5 anos, morreu após cair da janela do 6º andar do Edifício London, na zona norte da capital paulista.
Conforme Cembranelli, as testemunhas em comum entre as duas partes são: Paulo Sérgio Tieppo Alves, médico do Instituto Médico Legal (IML); Rosângela Monteiro, perita do Instituto de Criminalística (IC); e Renata Helena da Silva Pontes, delegada do 9º DP. “Eu arrolo primeiro, eles é que escolheram três iguais as minhas”, afirmou ao iG.
O advogado criminalista Sergei Cobra Arbex, que foi assistente de acusação no julgamento do jornalista Pimenta Neves (condenado por matar a ex-namorada Sandra Gomide, em 2000), explica que, quando as duas partes têm interesse em ouvir uma mesma pessoa, é comum que ela esteja em duas listas. Mas, isso não significa que será ouvida duas vezes. “Já vi muito advogado se dar mal por causa disso. Não inclui como testemunha porque o Ministério Público já intimou. Daí, na hora do julgamento, a acusação desiste de ouvir e a defesa também fica impossibilitada de interrogar”, diz.
Estratégia da defesa
A lista de testemunhas da defesa do casal Nardoni é composta, basicamente, por pessoas que participaram da investigação do caso. Há peritos, médicos, investigadores e escrivães. Além deles, está também Geralda Afonso Fernandes, vizinha de frente do Edifício London; Gabriel dos Santos Neto, pedreiro de uma obra nos fundos do prédio; e o jornalista da Folha de S.Paulo Rogério Pagnan, que escreveu uma matéria sobre o caso onde Santos afirmava que a construção havia sido arrombada na noite do crime.
Procurado, o advogado Roberto Podval não atendeu a reportagem para comentar sobre a seleção das testemunhas. Porém, para especialistas no assunto, está claro que, pela escolha feita, a defesa tentará mostrar falhas na investigação e na elaboração das provas.
Segundo Arbex, irregularidades cometidas durante o processo agora munem a defesa de argumentos a favor do casal. “A investigação ficou restrita ao casal e foi muito rápida em culpá-los. É preciso abrir o máximo possível o leque de suspeitos, até para que a defesa não explore isso”, diz.
Outra falha na visão do advogado foi a não preservação do apartamento, que só foi interditado pela polícia quatro dias após o crime. No dia 31 de março, por exemplo, cerca de duas horas após o enterro da neta, Antonio Nardoni , pai de Alexandre, confirmou que esteve no Edifício London. Segundo ele, apenas para buscar roupas.
O fato do apartamento não ter sido lacrado foi, inclusive, um dos motivos que levaram a defesa a entrar no STF com um pedido de retirada da acusação de fraude processual. O ministro Joaquim Barbosa negou a liminar e manteve a data do julgamento.
O promotor Cembranelli afirma que logo na noite do crime peritos entraram no apartamento, fotografaram e apanharam objetos. “Já nessa 1ª perícia havia indícios de que o local tinha sido adulterado e as provas suprimidas”, defende, e acrescenta que isso não prejudicou a elaboração dos laudos. Não é o que pensa Arbex: “é uma coisa básica preservar o local do crime e isso vai ser muito explorado pela defesa”.
Podval tentará provar a inocência do casal e convencer os jurados de que uma terceira pessoa cometeu o crime. Mas, caso as provas não mostrem inocência, tentará provar que elas também não comprovam a culpa. “A defesa deve se apoiar nas falhas da polícia e tentar mostrar que a prova foi mal constituída. A dúvida sempre favorece o réu e quando existe dúvida não se pode condenar”, afirma Arbex.