domingo, 7 de março de 2010

Na internet, defensores dos Nardoni pregam inocência; casal vai a júri dia 22

Rosanne D'Agostino
Do UOL Notícias
Em São Paulo
A duas semanas do que deve ser o júri do ano, blogs e páginas no microblog Twitter clamam por Justiça no caso da morte da Isabella Nardoni. A acusação contra o pai e a madrasta da menina, que morreu aos cinco anos em 29 de março de 2008, é de homicídio doloso (com intenção de matar). Presos desde então, eles devem ocupar o banco dos réus no próximo 22 de março em São Paulo.

Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá ocuparam as manchetes com as investigações do caso durante quase um mês, até que a polícia concluiu que o próprio pai havia jogado a garota da janela do 6º andar do prédio onde morava o casal, na zona norte de São Paulo. Antes, a madrasta teria asfixiado Isabella por descontrole emocional. Ambos negam as acusações.

Quase dois anos depois do crime, até hoje contestado em inúmeras versões, internautas resolveram pregar a absolvição do casal na iminência do julgamento. O Twitter “Justiça justa” já segue mais de 1.500 twitteiros para espalhar a sua causa: inocentar os Nardoni em nome da verdade.

O perfil foi criado para divulgar um blog sobre Isabella. “Pensem, reflitam, ponderem. Temos o caso da Escola Base como exemplo. Existem muitas contradições. Não deram ao casal a mínima chance de defesa. Façam com que prevaleça a JUSTA JUSTIÇA!”, diz a página, referindo-se ao caso da escola em que os donos foram acusados pela polícia de terem abusado sexualmente de crianças, mas que acabou arquivado por falta de provas. A responsável pelo blog é a assistente social Paula da Silva Pereira, de 45 anos.

“Não sou da família Nardoni e nem Jatobá. Acompanho o caso desde o início usando a razão e não a emoção, portanto sempre achei que falta algo”, diz ela. “Entrei no Twitter para que mais pessoas tenham o discernimento de ler e ver o caso de outra forma. O caso sempre foi dirigido pela promotoria e pela mídia, não dando oportunidade para as pessoas pensarem, raciocinarem e tirarem suas próprias conclusões”, defende.

Para Paula, houve um prejulgamento do casal. “Veja. Não defendo assassinos, pedófilos, terroristas. Não sou a favor da impunidade, muito pelo contrário. O que busco é a justa Justiça. Se houver provas contundentes no julgamento e se os mesmos confessarem o crime, desejo que cumpram a devida pena no rigor da lei”, completa.

Outros blogueiros tentam também coletar evidências para confirmar a inocência. Em “Grito por Justiça”, o post mais atualizado traz uma reprodução de um depoimento de Anna Carolina à Justiça. Já o “Acreditamos no casal Nardoni” inclui fotografias de uma família feliz. A equipe do site diz que se conheceu no site de relacionamentos Orkut e que está em diversos Estados e países. Objetivo: “Lutar contra prisão injusta de pessoas inocentes”.

“Defendendo a inocência”, que é mote de outro site, publica até uma teoria sobre como o luminol (o produto usado pela polícia para detectar vestígios de sangue) pode produzir “falsos positivos”. Isso porque uma das polêmicas do caso é exatamente sobre a validade das manchas de sangue, atribuídas ao casal e à menina, encontradas na cena do crime e no carro de Alexandre.

O julgamento
Nada disso, porém, deve ser levado em consideração pelas sete pessoas que comporão o júri popular que irá definir o destino de Alexandre e Anna. Na quinta-feira (4), o STF (Supremo Tribunal Federal) negou o último recurso que poderia adiar o julgamento. No pedido, a defesa pretendia retirar uma das acusações, a de fraude processual (alteração da cena do crime para manipular as investigações).

O advogado Roberto Podval, que representa os Nardoni, adiantou ao UOL Notícias que, até o momento, não tem intenção de impedir que o júri seja televisionado e, tampouco, pedir o adiamento. “Vou passar essa semana recluso estudando o caso”, afirma.

O Tribunal de Justiça de São Paulo já informou, no entanto, que a sessão não poderá ser transmitida. Os jornalistas também não poderão entrar com câmeras fotográficas, gravadores ou laptops no Fórum de Santana, na zona norte da capital. A assessoria de imprensa prepara um esquema especial para a cobertura do caso.

Com todos os habeas corpus negados até a última instância, o casal aguarda o julgamento nos presídios feminino e masculino de Tremembé (a 147 km de São Paulo). A sessão será presidida pelo juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri do Fórum de Santana.


http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/03/07/na-internet-defensores-dos-nardoni-pregam-inocencia-casal-vai-a-juri-dia-22.jhtm