quarta-feira, 26 de maio de 2010

Advogado dos Nardonis diz jurados sofreram influência de "cobertura técnica"


No último domingo (16), Roberto Podval, advogado responsável pela defesa do casal Ana Carolina e Alexandre Nardoni - condenados pelo assassinato de Isabela Nardoni -, questionou a isonomia dos jurados sorteados para o julgamento. Para Podval, eles teriam sido influenciados pela "cobertura jornalística pouco técnica".

Por meio de artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, o advogado declarou que, apesar de "legítima e cada vez mais profissional", a abordagem da imprensa em relação ao caso influenciou o posicionamento dos jurados. "Trata-se de refletirmos sobre a possibilidade ou impossibilidade de essas pessoas se desprenderem do peso das ruas, do peso do público ruidoso (...)", escreveu.

Ele sublinhou que, diante da suposta exposição negativa a que seus clientes foram submetidos, requisitou ao juiz que o julgamento fosse televisionado, como forma de compensação ao posicionamento da mídia. "Dessa forma,os fundamentos poderiam ser expostos com a mesma rapidez com que todas as teses acusatórias haviam sido transmitidas à mídia durante os dois anos que antecederam aquele momento. Entendíamos que só assim poderíamos transmitir à opinião púbica uma outra visão do processo".

Para Podval, a decisão do juiz em proibir que o júri fosse televisionado foi "sem sentido". Para ele, a transmissão teria peso decisivo na compreensão da sociedade em eventual sentença favorável.

"Fico com a sensação de que só com o televisionamento dos júris a sociedade pode entender a absolvição de réus nos casos em que a população clama por linchamento", declarou.

O contraditório da decisão do juiz, segundo o advogado, foi ter transmitido a sentença por meio de sistema de som aos que estavam nas áreas externas do Fórum de Santana, localizado na Zona Norte de São Paulo.

"O surpreendente é que, tendo negado nosso pedido, o juiz autorizou a transmissão da sentença, ao final do julgamento, por microfone e caixas de som instaladas na rua. O público não pôde acompanhar a defesa, mas, sob fogos de artifício, ouviu a condenação ser proferida, acirrando os ânimos e sentimentos mais primitivos dos populares ali presentes", queixou-se o advogado.


Podval termina o artigo dizendo-se sem "esperança" após ler as matérias publicadas após o julgamento. "Elas nem de longe retrataram o que se passou lá dentro", avaliou a respeito da descrição de algumas publicações sobre o júri.