segunda-feira, 24 de maio de 2010

O Assassinato “Passional” de PC Farias - Parte III

Mistério
A morte de PC e Suzana (os corpos, na casa de praia) ainda não foi esclarecida.

Até hoje o Ministério Público não acredita que Suzana tenha matado PC e se suicidado depois. Nos últimos dez anos foram feitas dezenas de perícias por alguns dos melhores profissionais do país. Por meio delas, surgiram novos dados sobre o crime. "É um dos processos mais ricos do país em dados periciais", diz o juiz Alberto Jorge Correia, encarregado do caso.

Nos exames, não foram encontrados vestígios de metal nas mãos de Suzana, nem gotas de seu sangue e impressões digitais completas na arma. De acordo com as alegações do promotor Luiz Vasconcelos, as três coisas deveriam estar presentes se ela realmente tivesse atirado. "Está claro que Suzana e PC foram mortos por uma terceira pessoa", diz Vasconcelos.

O Ministério Público não acredita na versão de Badan e suspeita da participação de Augusto Farias, mas não tem como acusá-lo. Pelo andamento do processo, os únicos que ainda podem ser responsabilizados e punidos pela morte de PC são os quatro policiais militares que trabalhavam como seguranças de PC na noite do crime. Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima, José Geraldo da Silva e Josemar Faustino dos Santos podem ser julgados ainda neste ano por cumplicidade no assassinato.

Eles são defendidos pelo advogado José Fragoso Cavalcante, um dos mais caros de Maceió, pago por Augusto Farias. O julgamento só não aconteceu por causa dos recursos impetrados por Cavalcante no Superior Tribunal de Justiça e no STF.
PC foi o mais poderoso dos membros da República das Alagoas, apelido dado ao governo Collor (leia o quadro abaixo).

A Polícia Federal acredita que ele tenha arrecadado cerca de US$ 1 bilhão nas campanhas de 1989 e 1990. A maior parte estaria escondida no exterior. O dinheiro passou a ser usado para bancar gastos pessoais do presidente, o que levou a seu impeachment. Com Collor apeado do poder, PC teve sua prisão decretada. Fugiu do país com seu piloto, Jorge Bandeira, em 1993.

Passou por Paraguai e Argentina, entre outros países, até ser preso cinco meses depois em Bangcoc, na Tailândia. Foi condenado pela Justiça e passou quase dois anos preso na Polícia Federal. Enquanto esteve na prisão, sua esposa, Elma, morreu de insuficiência cardíaca.

Os demais integrantes da República das Alagoas deixaram o estrelato nacional para voltar a seu papel original de destaque regional. O ex-presidente Fernando Collor de Mello mora em Maceió com sua terceira esposa, a arquiteta Caroline, de 29 anos, e as filhas gêmeas, Celine e Cecille. Para o parto, em 12 de maio, Collor reformou uma ala inteira da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, transformando-a em uma suíte VIP.

Em 2004, ajudou a eleger um de seus filhos, Fernando James, vereador de uma cidade do interior. Agora, Collor quer eleger a si mesmo, mas esbarra no problema de sempre: a rejeição. Ele quer ser candidato neste ano pelo minúsculo PRTB, mas tem poucas chances na disputa do governo estadual ou de uma vaga no Senado.

Candidatura certa é a da ex-primeira-dama Rosane Collor. Evangélica, ela concorrerá a uma vaga de deputado estadual pelo Partido Municipalista Renovador (PMR), ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. Rosane divide seu tempo entre ginástica, cultos na igreja e a disputa de bens com o ex-marido.

Collor ofereceu a ela uma casa e pensão mensal de R$ 12 mil por mês, mas Rosane luta para ficar com a metade do patrimônio dele. Rosane acusa o ex-presidente de ter confiscado jóias de família. Outro candidato certo nas próximas eleições é Augusto Farias. Diretor do CSA, um dos dois principais clubes de futebol de Alagoas, ele agora tenta voltar à Câmara Federal pelo PTB. Em 2000, Augusto renunciou ao mandato para evitar a cassação. Era acossado pela investigação do assassinato de PCe pela CPI do Narcotráfico. Até hoje é ele quem controla o dinheiro da família e paga mesada aos filhos de PC.