domingo, 28 de setembro de 2008

Caso Isabella: Crítica de Gilmar Mendes

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, criticou a conduta de autoridades envolvidas na investigação do assassinato da menina Isabella Nardoni. (Presidente do STF critica "autoridades" no caso Isabellla Folha de São Paulo, 10.05.2008).


Em palestra no
Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, realizado pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), em Belo Horizonte, Gilmar Mendes disse que algumas autoridades não resistem aos "poucos minutos de celebridade" proporcionados pelos "holofotes" da mídia.


Afirmou que, mesmo tendo lido pouco sobre o caso Isabella, percebeu "muitos desencontros de informações fornecidas por autoridades". E concluiu: "Isso não é bom". Questionado sobre a prisão do pai e da madrasta da menina morta por causa de uma suposta pressão popular, o presidente do STF disse que não conhece os autos, mas afirmou: "O STF tem uma jurisprudência [interpretação reiterada que tribunais dão à lei] no sentido de que clamor público não justifica prisão preventiva".


O presidente do STF afirmou que esse tipo de caso demanda cautela. "Delegado, promotor e juiz desse tipo de caso têm que ter muita cautela, exatamente para não alimentar informações desencontradas e não propiciar ou estimular às vezes uma sanha de justiceirismo."


http://supremoemdebate.blogspot.com/2008/05/caso-isabela-crtica-de-gilmar-mendes.html

Carta Aberta Ao Ministro Gilmar Mendes

Ministro mostrando, didaticamente, o tamanho do "fumo" que pobre leva nas barras dos tribunais.




Senhor Ministro do STF Gilmar Mendes.
Sabemos de vosso zelo pela defesa dos direitos humanos e pelas leis do nosso país. No entanto sabemos também que vossa posição ante os fatos que resultaram na prisão de vários criminosos do colarinho branco não foi bem digerida pela população responsável e consciente de nossa nação.

Sabemos que vossa decisão em conceder hábeas corpus a larápios, cujos crimes se tornaram de domínio público, obedeceu aos critérios legais e constitucionais; No entanto, senhor Ministro, nós sabemos também que existe o fato legal e o fato moral.

Vossa Magnitude certamente analisou o pedido de hábeas corpus, impetrado por advogados pagos a peso de ouro usurpado de nossa gente, sob o ponto de vista da legalidade jurídica e não pelo clamor dos fatos que demonstram a culpabilidade dos indiciados.

Sabemos também senhor Ministro que milhares de suspeitos são presos e algemados, todos os anos, sem que esses tivessem a sorte e a clemência do mais alto cargo do mais alto tribunal de justiça de nossa pátria em conceder-lhes o hábeas corpus.

Sabemos também senhor Ministro que centenas de ratos larápios do erário público tal como é notório e público, graças às absurdas brechas, que as nossas legislações eleitorais, civis e penais, estão em muitas localidades concorrendo para uns novos cargos públicos e outros que já se elegeram quando deveriam estar atrás das grades. É legal mas não é Moral.

Sabemos senhor Ministro que não é o poder judiciário que elabora as leis. Este poder compete apenas a fiscalizar o cumprimento delas. No entanto, senhor ministro, há que haver o bom senso e sabedoria por parte dos magistrados para distinguir o que é legal e o que é MORAL.

Sabemos senhor Ministro que com vossa decisão, a polícia federal ficou desmoralizada e a enorme despesa pública de anos de investigação fica por nossa conta pagá-la.

Finalmente, sabemos senhor ministro. que V.Excia. perdeu a maior oportunidade de sua vida em poder colaborar para que essas estapafúrdias leis que auxiliam criminosos pudessem ser reformadas, alijando os vícios e brechas maliciosamente assim aprovadas.

Bastava-lhe demonstrar à nação que tais leis o colocaram como Pilatos no ato de lavar as mãos no caso de Cristo, denunciando assim a imperfeição das leis e pedagogicamente alertando o povo a pressionar o Congresso Nacional para tirar da gaveta a reforma do Judiciário.

(O poder judiciário sempre se justifica por esse caminho: “apenas fazemos cumprir a Lei”, no entanto, nada faz para denunciar leis corporativistas e as elitistas. Os juizes, desembargadores e ministros de justiça têm que ser como a mulher de César. "Não é suficiente ser honesta, é preciso que dela ninguém duvide!)".



A nação está envergonhada!
A propósito qual a marca do wiskie?

Liberação do apartamento pode ter prejudicado investigação, diz perito.

A critica que o perito Ricardo Molina faz quanto à perícia caso Isabella. Eu penso que algumas pessoas já até leram, porem não deram a devida atenção no dia. Ricardo Molina não qualquer perito, vale a pena reler...

As partes que estiverem grifadas e para que pensem um pouco e mais e observem que está perícia paulista foi um fracasso nas suas investigações, em poucas palavras o Doutor e Professor Ricardo Molina descreveu as falhas graves desta perícia histriônica.
Ricardo Molina, perito da Unicamp, doutor em Ciências e
mestre em Lingüística pela IEL - Unicamp.

O professor da Unicamp Ricardo Molina criticou a perícia no caso Isabella. Após duas perícias, imóvel foi liberado por dois dias e voltou a ser lacrado. O perito e professor da Unicamp Ricardo Molina alertou para a possibilidade de a polícia e a promotoria não conseguirem condenar o(s) culpado(s) pela morte da menina Isabella Nardoni, de 5 anos, na noite do dia 29 de março.


Em entrevista ao G1, Molina, que não integra a equipe que investiga o caso, apontou que, por enquanto, foram revelados pela imprensa apenas uns conjuntos de indícios circunstanciais que podem ser rebatidos pela defesa de Alexandre Nardoni e de Anna Carolina Jatobá. “No julgamento, a dúvida sempre favoreceu os réus”, disse ele.


Crítica
Ricardo Molina critica o fato de a perícia ter liberado o apartamento para o pai e a madrasta de Isabella após a segunda ida da perícia ao imóvel,
realizada na noite de domingo (30) e na madrugada de segunda-feira (31) e, mais tarde, na quarta-feira (2), voltar a lacrá-lo para a realização de uma terceira perícia. O imóvel segue lacrado desde então.


Ao todo, a perícia retornou ao local do crime sete vezes – em algumas delas os peritos foram ao prédio vizinho ao Edifício London, localizado na Zona Norte, para verificar imagens do circuito interno
que gravaram a chegada do casal na noite do crime.


A família de Nardoni e de Anna Carolina teve livre acesso ao apartamento por dois dias. “Um erro grave
e que, na minha opinião, pode comprometer o caso inteiro, é o fato de o local não ter sido lacrado. Sabemos que o assassino tem a chave (do apartamento). Você não acha imprudente que se deixe o local do crime não lacrado sabendo que o assassino tem a chave?”, questionou Ricardo Molina.


Alexandre Nardoni disse à polícia que, após deixar Isabella dormindo em um dos quartos, trancou o imóvel e foi buscar Anna Carolina Jatobá e os filhos na garagem do prédio. Instantes depois, ao retornar ao apartamento, ele verificou que a garota fora jogada do andar.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) não quis se manifestar sobre as críticas. A assessoria de imprensa da Pasta informou apenas que o caso está sob sigilo policial.


Evidências

O risco de não lacrar a cena do crime é alguém tentar apagar vestígios ou ainda “plantar” evidências, diz o perito, que atuou nos casos do assassinato de PC Farias e da Rua Cuba.
Esses casos, que tiveram a cena do crime alterada, não chegaram a uma conclusão.

“É uma irresponsabilidade deixar o local desprotegido como foi deixado. A defesa pode usar esse argumento lá na frente para desacreditar a perícia”,
afirmou. Ricardo Molina também criticou o vazamento de informações à imprensa, o que, segundo ele, pode atrapalhar as investigações.

Ele defende que o corpo não fosse enterrado até que o caso fosse solucionado para dirimir eventuais dúvidas da perícia.
Também avaliou que a prisão temporária do casal, dias após o crime, não ajudou as investigações.

http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL403897-5605,00.html


Linchamento Público : Os Judas Modernos!

A bíblia relata as mais celebres história dos linchamentos públicos da religiosidade cristã, porém, os últimos casos de destruição pública de imagem que presenciamos não chegam nem aos pés do apedrejamento de Maria Madalena ou do antigo costume de “queimar o Judas”. Embora não goste de falar a respeito, é impossível deixar o chamado “caso Isabella” de lado. Mas, leia e entenda um lado curioso, e diferente, dessa coisa toda.

Estava fora do país quando a menina morreu, não recebi o impacto inicial da notícia. Aliás, essa tragédia aconteceu bem perto do anúncio de um vídeo no qual uma colegial era espancada por “amigas” só por ter falado mal delas no MySpace. A garota ficou desfigurada. Fiquei sabendo pouco depois da morte da garotinha em São Paulo. Sou pai, portanto, esse tipo de coisa revolta um pouco mais. A partir daí fiquei alguns dias sem ouvir no assunto. Até que cheguei ao Brasil.

Época trazia a matéria na capa: Até quando?. Veja julgou e condenou: Foram Eles! Os jornais diários dedicavam páginas e mais páginas todos os dias às novas “descobertas” e, claro, os canais de televisão surtavam com a mais nova oportunidade de conseguir audiência. É assim que eles vêem, não se enganem.

Apresentadores podem ficar indignados, podem se emocionar, mas tudo isso faz parte do trabalho deles e do interesse da emissora /veículo: vender mais. E ponto. Por que digo isso? Conseguir meu pedaço na polêmica? Antes fosse, é que fiquei mais indignado como que vi do que com o caso em si.

Sem dúvida a morte da garota foi trágica e não pode passar impune, porém, o circo que a imprensa montou e a quantidade de pessoas desocupadas que resolveram cobrar por “justiça” em delegacias, cemitérios e plantões das emissoras de TV chegaram a ser assustador.

Por que digo isso? Conseguir meu pedaço na polêmica? Antes fosse, é que fiquei mais indignado como que vi do que com o caso em si. Claro que, em maior parte, tudo isso aconteceu por culpa única e exclusiva da imprensa. Qual o papel dos jornalistas e meios de comunicação num caso como esse?

Difícil resposta, mas não consigo concordar com minha classe quando os jornalistas decidem brincar de investigadores ou detetives. O público é volúvel – em qualquer parte do mundo – e em sua ânsia por altos índices de audiência, especialmente a TV, define o que é certo e o que é errado, culpado e inocente.

Não quero opinar sobre o papel do pai e da madrasta nisso tudo. Não fui convocado para o júri popular – que acontecerá, de acordo com o sistema judiciário brasileiro, e terá um grupo de pessoas que assistiu ao mesmo exagero que todo o resto da população – e entendo que a função da minha profissão seja a de reportar as informações disponíveis.

Por intermédio das fontes oficiais, de preferência. Comecei a escrever esse artigo antes de ver, no último domingo, o Fantástico crivar sua opinião sobre o assunto, em dois blocos, e abriu espaço para uma entrevista “exclusiva” do casal indiciado. Curioso, não?

Os sujeitos são as pessoas mais odiadas do momento no país e concedem “exclusividade” à Rede Globo. Meu amigo Igor comentou isso muito bem
aqui, portanto, deixo isso com ele. Mas esse episódio só reforça o que estou pensando, porém, tecnicamente falando, a Globo acabou fazendo a única coisa “ética” no meio desse bombardeio de teorias e “novidades” sobre o caso durante todo o dia.

No dia seguinte, porém, o Jornal Nacional arrepiou a entrevista ao esmiuçar o comportamento do casal durante o depoimento em rede nacional. Dar a mão e depois descer o facão no braço? Bela tática! O distanciamento jornalístico simplesmente não existe. Excetuando-se um ou outro repórter de veículo impresso, as novas "âncoras de TV” transformaram-se em verdadeiros especialistas em direito, investigação forense e em psicologia.

Seria cômico, não fosse pela absurda realidade que isso significa. A Rede Record tem um sujeito que surgiu das fileiras da Igreja Universal e é daqueles tipos que compra a briga indignada da população, mas não passa de um papagaio de pirata transformando tudo em notícia exagerada.

Os programas de fofoca da tarde só falam em Isabella, mostrando N especialistas analisando descobertas, perfis psicológicos, mas, de efetivo, só fazem repetir ininterruptamente as imagens de arquivo do edifício onde morava a garota e das cenas da delegacia.

A população, por sua vez, responde da forma mais inadequada possível: pessoas fazendo plantão na frente da delegacia, gente cantando parabéns, visitando o túmulo da menina, e por aí vai. Entendo que mobilização popular seja um caminho para exigir justiça, mas o espetáculo grotesco que assisti não é justificável.

Aquelas pessoas já tinham um veredicto claro em suas mentes, assim como a maioria da população. Foi um festival do bizarro e do exagero. Para sorte da Rede Globo, o show anual da inutilidade brasileira havia acabado. Acho que nem mesmo os índices do Ibope para o Big Brother resistiriam à avalanche Isabella.

Ninguém reclamou, porém, do latente aumento em nos números de todos os canais. Todo mundo soube aproveitar, até demais, da situação. Nem mesmo o Terremoto em São Paulo foi capaz de amenizar esse ímpeto. O tremor dividiu a cobertura por cerca de 3 dias e, logo depois, voltaram à carga com Isabella.

Voltar à cobertura é obrigação, porém, as "investigações" paralelas voltaram juntas. A Band News chegou a cúmulo de mostrar as “fotos exclusivas das comparações feitas reconstituição”. Uma delas era de um par de chinelos e a âncora dizia com voz séria: essas são as sandálias idênticas às que Alexandre Nardoni usou no dia da morte de Isabella.

Realmente, informação que mudou a vida de muita gente! Ficar reclamando da vida e dizer que “estamos indo para o buraco” é muito fácil, mas inevitável. Mais gritante que isso é meu medo em relação aos rumos que o jornalismo tem tomado.

Não guinamos para o investigativo modelo norte-americano e nem descambamos abertamente para os tablóides ingleses, pois estamos num meio termo perigoso. Seguimos com a maré, porém, o ritmo das ondas muda repentinamente e, quando menos esperamos podemos ser sugados por elas e nunca mais encontrarmos o caminho de casa.

Sempre me pergunto: pode haver justiça caso, por alguma virada repentina na situação, o casal acusado apresente um álibi ou algo do gênero? Eles já estão julgados e condenados. Pela imprensa e pelo povo. Não há mais volta.

Culpados ou não, essas duas pessoas são piores que Hitler ou o Bandido da Luz Vermelha sob a ótica da população brasileira, famosa por sua memória curta e carente pelo assunto da vez para discutir na festinha de família, no boteco ou na mesa de jantar.

Ótimo tópico, aliás, para quem tem filhos. Já vi crianças com medo de janelas. Será que algum desses grandes “jornalistas investigativos” pensa nesse efeito do que eles têm feito? Só o futuro vai dizer. Uma coisa pode ser dita com certeza.

Os Judas modernos não queimam em postes numa brincadeira de criança, eles são linchados publicamente, por qualquer um que escute uma história ou “descubra” algo novo. Na Escola de Base todo mundo descobriu algo novo também. E era tudo mentira.



http://judao.com.br/blogs/hollywood/2008/04/29/linchamento-publico-os-judas-modernos/

Menina de 7 anos é morta dentro de casa em SP

21/07/2006

Uma menina de 7 anos foi assassinada dentro de um apartamento do Conjunto Habitacional Presidente Juscelino Kubitschek, em Guaianazes, zona leste da capital paulista na noite de ontem. A menina levou várias facadas pelo corpo.
A mãe da criança disse que ao entrar no apartamento da família encontrou a filha já morta. Em depoimento, ela afirmou que saiu de casa por volta das 17h, trancou o apartamento e, quando voltou, a porta continuava trancada. A polícia ainda não sabe quem pode ter assassinado e, possivelmente, violentado a criança.

http://www.capitaldopantanal.com.br/index.php?sPagina=cpt002_noticia&iNoticia=9761&sCanal=

Menina de 9 anos é encontrada morta em casa em São Paulo

26/10/2007

Uma menina de 9 anos foi encontrada morta com uma facada no peito dentro de sua casa, na manhã de ontem (25), na zona norte de São Paulo. Ninguém foi preso. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, os pais da menina saíram para trabalhar às 4h e a deixaram dormindo.

Ela deveria ter acordado e seguido para a casa da avó materna, que fica na região, por volta das
8h30.
Como ela não aparecia, a avó foi a casa. Sem obter resposta, a avó foi procurar os avós paternos da menina, que também moram nas proximidades.

O avô paterno preocupado, teria seguido a casa e entrado pelos fundos. Percebendo que a neta estava deitada na cama, ele foi à varanda e entrou no quarto, depois de arrombar a porta. Quando levantou o cobertor, o avô percebeu que a garota estava morta e que na face dela havia marcas de mordidas, segundo a Polícia Civil. O caso foi registrado no
28º
DP (Freguesia do Ó) e é investigado.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u340089.shtml

10 perguntas para ILana Casoy

Por: Fernando Gazzaneo

Disposta a procurar respostas para atos de maldade extrema, há pouco mais de oito anos, a administradora de empresas Ilana Casoy, de 48, passou a se dedicar ao estudo da mente de serial killers e a pesquisar outros tipos de crime. “Eu sempre quis compreender o que acontece com uma pessoa para cometer assassinatos tão cruéis.”

Casada e mãe de dois filhos, ela não nega que se comove diante da história dos assassinos em série, muitas vezes marcados por traumas de infância. Sobre o episódio da menina Isabella Nardoni, Ilana – que já colaborou na solução de dois casos em série – comenta: “há ainda um longo caminho até que Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni possam ser considerados culpados”.

10 perguntas para ILana Casoy

1– O que fez você trocar a profissão de administradora de empresas para mergulhar no mundo dos seriais killers?
IC - Eu não acordei um dia e disse “vou mudar de profissão”. A pesquisa sobre o universo do serial killer sempre foi um hobbie. Quando a internet entrou no Brasil, pude me dedicar mais. Em janeiro de 2000, parei de trabalhar como administradora. A virada do ano foi uma virada na minha vida. O que não quer dizer que deixei de usar meus conhecimentos de administração nas pesquisas e nos casos que já ajudei a solucionar.

2 – Por que o interesse específico pela vida dos seriais killers?
IC - Queria compreender o que acontece com uma pessoa para cometer atos de maldade tão extrema. Traumas na infância e questões sociais, analisados isoladamente, não explicam a questão. O mal existe? E se existe, nasce com a pessoa ou aparece depois? É isso que tento entender no meu trabalho.

3 – O que diferencia um assassino em série dos demais?
IC - Eles são muito perspicazes para definir quem serão as vítimas. No crime em série, a questão está na satisfação do assassino e não na morte da vítima. É por isso que ele mata inúmeras pessoas e não uma só.

4– No livro “O Quinto Mandamento”, você reconstrói o assassinato do casal Richthofen. O que lhe chamou a atenção no caso?
IC- Queria acompanhar a solução de um crime no Brasil. O assassinato dos Richthofen pelos irmãos Cristian e Daniel Cravinhos, que na época namorava Suzane, não era melhor nem pior que outros, era didático. A prisão está lotada de criminosos como os irmãos Cravinhos. Já Suzane se difere por ter cometido um crime contra os pais, figuras sagradas em qualquer cultura.

5 – O que mais pode explicar por que uma pessoa se torna um serial killer?
IC - Todos os indivíduos que eu entrevistei tiveram uma infância péssima. Mas só isso não explica. Situações sociais complicadas ou lesões físicas na vida adulta, entre outros motivos, podem ajudar a entender porque alguém passa a matar pessoas em série. Eu adoraria que houvesse uma resposta fácil, mas o problema é que cada indivíduo é muito particular.

10 perguntas para ILana Casoy

6Dos crimes que você acompanhou, há algum que tenha lhe marcado mais?
IC- Em dezembro de 2007, reentrevistei Marcelo Costa de Andrade (que matou 13 meninos no Rio de Janeiro). Cheguei à conclusão de que pior do que morrer, era permanecer vivo nas mãos dele. O que ele fazia com as vítimas é impublicável, mas posso dizer que eram torturas sexuais que duravam a noite toda.

7 – Qual a importância da cooperação entre ciência e investigação policial?
IC- O caso de Francisco de Assis Pereira (o maníaco do parque, de São Paulo, que abusava sexualmente das vítimas e matou algumas delas), é bastante ilustrativo. Na época, havia nove inquéritos policiais em andamento, cada um em uma delegacia. Os Estados Unidos, por exemplo, têm um banco de dados que contém informações sobre crimes bizarros. Além de economizar, a eficiência para solucionar um crime é muito maior.

8 Todos os crimes em série possuem agressões sexuais?
IC- Na maioria sim. Cerca de 90% dos assassinatos em série têm uma questão sexual. Isso porque é muito comum o criminoso ter sido agredido sexualmente na infância. Quando ele faz sexo com a vítima, não está praticando uma relação sexual normal, mas a está agredindo.

9 – Os seriais killers podem se regenerar?
IC- Eu nunca vi um serial killer se regenerar. No Brasil, teremos essa resposta no futuro, pois ainda nenhum assassino em série foi liberado da prisão. Infelizmente, eles só param de matar quando são presos ou mortos.

10 Como você interpreta a comoção da população no caso de Isabella Nardoni?
IC- Aqueles que paralisam as próprias vidas para viverem a vida de outros devem procurar ajuda médica. A população e a mídia devem cobrar resultados da polícia. O problema está quando centenas de pessoas agridem verbalmente um casal que ainda não foi julgado. As provas que a polícia tem são suficientes para indiciá-los. Mas há um longo caminho até serem considerados culpados.


fernando.gazzaneo@folhauniversal.com.br

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Ficção ou Química?



Introdução

Existe muita tecnologia inverossímil em programas e filmes policiais: computadores que podem ampliar e realçar uma porção minúscula da cena de um vídeo; máquinas que podem isolar uma voz de fundo em uma gravação abafada em questão de segundos. Quase tudo isto é pura ficção, inventada para tornar a trama mais empolgante. Mas um dos recursos mais interessantes da polícia, um produto químico especial que faz aparecer traços de sangue invisíveis, é completamente real.

Neste artigo, descobriremos como este composto, conhecido como luminol, revela cenas ocultas do crime. Como veremos, este produto químico é incrível, mas possui algumas desvantagens e limitações que não são geralmente mostradas na TV.

Ficção ou Química?

O que o luminol faz?

Grande parte da investigação da cena do crime, também chamada criminalística, é baseada na noção de que nada desaparece sem deixar uma pista. Isto é particularmente verdadeiro no caso de vítimas de crimes violentos. O assassino pode se livrar do corpo da vítima e limpar as manchas de sangue, mas sem alguns produtos químicos de limpeza pesada sempre haverá algum resquício.

Minúsculas partículas de sangue se prenderão às superfícies que foram atingidas há anos, sem que ninguém jamais saiba que estavam ali. O princípio do luminol é revelar estes traços com uma reação química geradora de luz entre diversas substâncias químicas e a hemoglobina, a proteína portadora do oxigênio no sangue.

As moléculas se quebram e os átomos rearranjam-se para formar diferentes moléculas. Nesta reação em particular, os reagentes (moléculas originais) têm mais energia que os produtos (moléculas resultantes). As moléculas se livram da energia extra sob a forma de fótons de luz visível. Este processo, geralmente conhecido como quimiluminescência , é o mesmo fenômeno que faz com que os vaga - lumes e os bastões luminosos brilhem.
Os investigadores pulverizam uma área suspeita, apagam as luzes, fecham as cortinas e procuram por uma luz verde ou azulada. Se houver traços de sangue na área, essas luzes aparecerão.

Ficção ou Química?

A reação química

O produto químico principal nesta reação é o luminol (C8H7O3N3), composto em pó feito de nitrogênio, hidrogênio, oxigênio e carbono. Os criminalistas misturam o pó de luminol com um líquido contendo peróxido de hidrogênio (H2O2), um hidróxido (OH-) e outros produtos químicos e despejam o liquido em um borrifador.

O peróxido de hidrogênio e o luminol são os principais agentes da reação química, mas para que produzam um brilho forte, precisam de um catalisador para acelerar o processo. A mistura detecta a presença desse catalisador, no caso o ferro contido na hemoglobina.
Para executar um teste com luminol, os criminalistas pulverizam a mistura em qualquer lugar onde pode haver sangue. Se a hemoglobina e a mistura de luminol entram em contato, o ferro na hemoglobina acelera a reação entre o peróxido de hidrogênio e o luminol.

Nesta reação de oxidação (em inglês), o luminol perde átomos de nitrogênio e hidrogênio e adquire átomos de oxigênio, resultando em um composto denominado
3- aminoftalato. A reação deixa o 3-
aminoftalato em um estado de energia mais elevado, pois os elétrons dos átomos de oxigênio são empurrados para orbitais mais elevados.

Os elétrons retornam rapidamente para um nível de energia menor, emitindo a energia extra em forma de um fóton de luz . Com o ferro acelerando o processo, a luz brilha o suficiente para ser vista em um ambiente escuro. Os detetives podem usar outros produtos químicos quimiluminescentes, como a fluorescina, no lugar do luminol. Estes produtos funcionam basicamente da mesma maneira, mas o procedimento é um pouco diferente.

Ficção ou Química?

Investigação

Como os investigadores usam o luminol Se o luminol revelar traços aparentes de sangue, os investigadores irão fotografar ou filmar a cena do crime para registrar a amostra. Normalmente, o luminol apenas mostra aos detetives que pode haver sangue na área, já que outras substâncias, inclusive água santária doméstica, podem fazer com que o luminol brilhe.

Os investigadores experientes podem fazer uma identificação confiável baseada na velocidade em que a reação ocorre, mas ainda precisam fazer outros testes para verificar se realmente se trata de sangue humano. O luminol sozinho geralmente não resolve um caso de assassinato. É apenas mais um passo no processo investigativo.

Mas ele pode revelar informações essenciais para fazer com que uma investigação possa avançar. Amostras ocultas de sangue, por exemplo, podem ajudar os investigadores a localizar o ponto de ataque e até que tipo de arma que foi usada (uma bala faz o sangue espirrar de maneira diferente de uma faca).

O luminol pode também revelar leves marcas de sangue em sapatos, proporcionando aos detetives dados valiosos sobre o atacante e o que ele pode ter feito depois do ataque. Em alguns casos, o luminol pode conduzir os investigadores a mais evidências.

Se ele detecta traços de sangue em um tapete, por exemplo, os detetives provavelmente puxarão o tapete para descobrir sangue visível nas tábuas do assoalho. O luminol é uma ferramenta definitivamente valiosa para o trabalho da polícia, mas não é predominante para a investigação do crime, como mostram alguns programas de TV.

A polícia não vai entrando na cena do crime e pulverizando cada superfície visível. O problema com o luminol é que a reação química pode destruir outras evidências na cena do crime. Por esta razão, os investigadores apenas usam luminol após explorarem as outras opções.

http://quimik100desespero.blogspot.com/2008/04/niels-bohr-e-o-luminol.html

'CSI à brasileira: profissão perito

Com aparato científico-tecnológico, polícia paulista busca eficiência da série norte-americana em meio a altos índices de criminalidade.

Microgotas de sangue no microscópio, órgãos humanos fatiados em pedaços ultrafinos, pós magnéticos que revelam impressões digitais e reagentes químicos que denunciam a presença de fluidos corporais. O mundo asséptico da Superintendência da Polícia Técnico-Científica do Estado de São Paulo passa longe da emoção provocada pelo assassinato de Isabella Nardoni,
5, morta no último dia 29.

Mas seus laboratórios são uma das chaves para resolver um crime que comoveu o país. A participação da perícia foi fundamental para montar o quebra-cabeça das circunstâncias da morte da menina. Um dos laudos comprovou que ela foi asfixiada e depois jogada do sexto andar do prédio.

Outro trabalho da perícia eliminou suspeitas, como as de que roupas com sangue encontrado em um apartamento vizinho ao do crime eram de Alexandre Nardoni, o pai da garotinha. Corriqueiros para os fãs do popular seriado "CSI", laudos técnicos como esses são os responsáveis pelo aumento da visibilidade da polícia científica em todo o mundo.

Assim como os peritos que ajudam a desvendar crimes em episódios eletrizantes da série, os profissionais da vida real também conquistaram importância e momentos de fama. "Vivemos a síndrome 'CSI'", diz Celso Perioli, coordenador da SPTC (Superintendência da Polícia Técnico-Científica) e perito desde 1976.

"Há uma exigência cada vez maior de provas técnicas. O mundo passou a comprar produtos para investigação científica, e os preços caíram. E mais países estão fabricando determinados equipamentos."

Um dos sintomas da valorização da ciência na resolução de crimes é o aumento da participação da SPTC no orçamento da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Há dez anos, a verba da superintendência era de
R$ 1,48 milhão, 0,05% do total do orçamento. Hoje, esse valor é de R$ 191,5 milhões, ou 2,25% do total, um aumento de
12.841,3%.

O efetivo do órgão também cresceu: eram
2.847 funcionários em 1999. Atualmente, são 3.600. Ainda é pouco. "O número de peritos teria que ser triplicado. A perícia acaba sendo malfeita, não por má vontade, mas por acúmulo de trabalho", aponta Maria do Rosário Seraphim, 69,
presidente da Associação dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo.

Terceira mulher a ter autorização para ir a campo, Maria do Rosário se aposentou há sete anos, depois de
30
como perita. "Antes, os reagentes eram obsoletos. Para saber se havia sangue na cena do crime, era preciso esperar os produtos reagirem por três horas", lembra. "Hoje , o 'Luminol' reage quase instantaneamente."

Renato Pattoli,
50
, apelidado de "Grissom brasileiro", em referência ao brilhante e taciturno chefe dos agentes do "CSI", diz que, no passado, a prática era jogar água oxigenada sobre o local onde se achava que havia sangue. Se borbulhasse, era sinal de que havia matéria orgânica, provavelmente sangue. "Mas isso destruía a amostra".

Engenheiro agrônomo com formação em informática, Renato fez uma descoberta diante do corpo de uma vítima encontrado em um terreno baldio onde crescia o capim Brachiaria decumbens. Grissom ficaria orgulhoso. "Sabia que o pólen desse capim adere a qualquer coisa. Quem entrou no terreno o teria grudado na calça."

Quando um suspeito, ex-namorado da vítima, foi preso, o perito pediu para ver as calças dele. "Tinha o pólen grudado", conta. "Esse dado não provou que ele era assassino, mas ficou claro que estava mentindo". É amplo o leque de ferramentas para desmanchar falsos álibis.

Tanto que a polícia investe em equipamentos como o "Crimescope", usado para detectar mancha de sangue, vestígios de pólvora e ossadas. Outro aliado "high-tech" dos investigadores é o seqüenciador de código genético. Além do uso de equipamentos, o Instituto de Criminalística faz simulações usando conceitos de física, como em um caso do interior de São Paulo em que uma criança foi encontrada afogada em um, balde.

"Usamos um boneco para saber se uma criança ficaria de ponta-cabeça sem ser segurada", conta Adilson Pereira, 48, diretor do núcleo de física do IC. Eles comprovaram que era possível e que poderia ter sido acidente e não, necessariamente, um crime.

Os métodos ultra-sofisticados do seriado "CSI" chegam a provocar risos entre funcionários do IC e do IML. "Fazemos um trabalho sério e honesto, sem glamour", diz Alessandra Pereira da Silva, 34, engenheira química que trabalha com os cromatógrafos do IC.

Ela critica, por exemplo, a rapidez e a precisão excessiva dos laudos que desvendam os crimes na série. "Muita coisa no seriado procede, mas, quando os agentes do 'CSI' conseguem dizer que tal folha é do ipê-rosa da Amazônia, sabemos que essa identificação é altamente improvável."

'CSI" à brasileira: profissão perito

Festa no local do crime

É louvável que a Polícia Científica esteja se equipando com produtos de ponta. Mas especialistas indicam que o aparato é insuficiente frente ao grande número de crimes. Aconteceram, em média, 28 homicídios por semana em São Paulo, em 2007.

Os potentes microscópios do IML não passam de seis unidades.

A alta demanda pelos equipamentos, somada à falta de mão-de-obra, faz com que um laudo demore 90 dias para ser concluído. "O país possui um índice de criminalidade muito alto e o número de crimes não-solucionados é considerável", afirma Ricardo Molina, professor da Unicamp e perito particular. "Não dá para fazer um 'CSI' aqui".

Dois dos problemas que deixam o Brasil bem distante da realidade americana são as falhas de procedimento e a estrutura precária. É corriqueira a não preservação da área de um delito ou de um acidente. "Quando o perito chega, já ocorreu uma festa no local do crime. E podem surgir pistas que apontam para direções opostas", diz Molina.

O "Grissom brasileiro" sofre com a adulteração que, em muitos casos, quase inviabiliza o trabalho. "Entre
80% e 90%
das cenas de crime são alteradas antes da chegada da perícia. Temos que trabalhar em cima do prejuízo", diz Pattoli. Outra crítica é enterrar rapidamente os mortos. O sepultamento, quase sempre, é autorizado antes da resolução do caso.

"Em países desenvolvidos, o corpo fica semanas no necrotério", diz Molina. "A família quer o corpo perto de si, mas, após um crime, ele é do Estado", afirma o legista Fortunato Badan Palhares, que atuou no caso PC Farias, quando o local do crime foi adulterado e o corpo, liberado
28
horas após ter sido encontrado, em 1996. "A exumação nunca trará os mesmos resultados", diz Palhares.

A pouca interação entre o pessoal do IML e o do IC é outro problema. "O legista só vê o corpo, e o criminalista não entende nada do corpo", explica Molina. É recomendável que o médico-legista acompanhe mais os crimes de sangue ou de autoria desconhecida desde o começo das investigações.

O assassinato de Isabella também aponta para outro fenômeno moderno: o uso de tecnologias, como as hoje onipresentes câmeras, na elucidação de crimes. A imagem do pai, madrasta e a vítima em aparente harmonia, captada pelo circuito interno de um supermercado da capital paulista horas antes do crime, foi usada pelos advogados de defesa.

Outras imagens ganharam status de provas em escândalos recentes no país, como a do raio-X de aeroporto que flagrou um assessor do PT com dólares na cueca, em
2005. O exemplo é um dos usados pelo consultor Mário Rosa, autor de "A Reputação na Velocidade do Pensamento" (Geração Editorial, 372 págs., R$ 49,90),
em um mundo que é um grande "Big Brother".

A imagem da família no supermercado invadiu o horário nobre da TV. "Em um mundo interativo, com a necessidade de condenações e absolvições, nem sempre teremos certezas interativas", diz Mário, apontando que, com o avanço da tecnologia, cada vez será mais difícil esconder as contradições.

Se as câmeras não trouxerem as respostas, há ainda a perícia para ajudar a Justiça a condenar ou a absolver. E também as tradicionais testemunhas, munidas de olhos e ouvidos bem atentos.

'CSI" à brasileira: profissão perito

'Made in Brazil'

Após o crime, os peritos investigam o porta-malas de um carro suspeito, lavado para esconder o delito. Em busca de vestígios, jogam uma substância no local. Observa-se um brilho parecido ao do vaga-lume. Só que azul. Conclusão da perícia: há sangue, pista fundamental para esclarecer o homicídio.

O descrito acima poderia ser roteiro de um episódio de "CSI", mas também de uma série filmada no Rio, onde pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), liderados pelo professor Cláudio Lopes, desenvolveram um "Luminol tupiniquim" a pedido do laboratório de DNA da Polícia Civil do Rio, em
2001.
"Em vez de 'CSI', poderíamos filmar no Brasil um 'Tropa de Elite científico-tecnológico'", brinca.

Para produzir a substância, um dos principais recursos dos peritos para detectar sangue escondido em cenas de homicídio, foi usada uma tecnologia que permitiu fazer o "Luminol" de uma forma diferente da norte-americana, sem necessidade de uso de radiação ultravioleta e com a eliminação de etapas (sem pressão e calor). O que barateou a produção.

Ela é composta de hidróxido de sódio e água oxigenada em um meio ligeiramente básico. O "Luminol" "made in Brazil" custa
R$ 300 (kit com dois frascos de 250 ml). O importado, R$ 2.700
. A nova fórmula, patenteada por Cláudio aqui e nos EUA, passou a ser utilizada no Rio. Inclusive em crimes de repercussão nacional, como a morte do casal norte-americano Staheli, em 2003.

Jossiel dos Santos confessou ter matado o diretor da Shell Todd Staheli e sua mulher, Michelle, após a perícia ter detectado vestígios de sangue com o uso do "Luminol" nas roupas do caseiro, mesmo depois de lavadas, conta o professor. Os dois morreram depois de serem golpeado, em um condomínio de luxo na zona oeste carioca.

O casal foi encontrado na cama pelo filho, que entrou no quarto atraído pelo despertador que não parava de tocar. O "Luminol", continua Cláudio, não destrói o DNA. O professor defende também seu uso fora do âmbito forense. Para monitorar sangue contra a contaminação hospitalar, por exemplo.

Além do "Luminol", Cláudio e equipe trabalham com a produção de tinta invisível, utilizada pela polícia contra seqüestros e extorsões. A identificação ocorre por meio da luz ultravioleta. A polícia marca algumas notas de dinheiro com a tinta para, posteriormente, identificar os criminosos. A "mágica" da tinta também está presente em obras do Museu Nacional do Rio de Janeiro.

'CSI' à brasileira: profissão perito

Na trilha do crime

1 -"Luminol" (reagente químico) Para que serve: detectam manchas de sangue mesmo que tenham sido lavadas. Quando entra em contato com o sangue, emite uma luz azul fosforescente, indicando a presença da substância. É um produto caro.

Só é usado quando outras técnicas, como a luz forense, não obtiveram sucesso em que caso foi usado: no do assassinato de Isabella, a polícia usou a substância na garagem do prédio e no carro do pai da garota, Alexandre Nardoni

2- Seqüenciador de DNA Para que serve: analisa diversos pontos da cadeia do DNA a partir de tecidos, sangue, dentes, ossos e cabelos para fazer comparações e possibilitar identificações. Quando não há tecido suficiente, costuma-se usar uma técnica chamada "cultivo", para conseguir aumentar o material a ser analisado.

É aplicado principalmente em crimes sexuais. O IC adquiriu o equipamento há um ano e meio em que caso foi usado: na identificação dos corpos das vítimas do acidente com o Airbus da TAM, em julho do ano passado, que atingiu um prédio da própria companhia aérea em Congonhas (zona sul de SP) e matou
199
pessoas

3- "Crimescope" (luz forense) Para que serve: é empregado na identificação de materiais orgânicos, como manchas de sangue, resíduos de disparos de armas de fogo, sêmen e ossadas. Utilizado quando não é possível identificar essa substância a olho nu, o aparelho emite tipos diferentes de luz, como a ultravioleta.

Precisa ser manipulado com óculos de proteção. Chegou à polícia há um ano e oito meses em que caso foi usado: no assassinato, em setembro de
2006
, do deputado estadual e coronel da PM de São Paulo Ubiratan Guimarães, que ficou conhecido por comandar o massacre do Carandiru. O "Crimescope" foi aplicado na casa onde o coronel foi encontrado morto, nos Jardins.

4- CromatógrafoPara que serve: usado pela Polícia Técnico-Científica para identificar a presença de drogas ou medicamentos em substâncias encontradas em cenas de crimes ou acidentes. Quebra moléculas por meio do calor, o que permite a identificação das substâncias. O IC possui dois deles.

O mais moderno chegou há um ano e meio e consegue identificar substâncias mesmo em concentrações menores. O mais antigo tem seis anos de uso em que caso foi usado: no inquérito do lutador de jiu-jítsu Ryan Gracie, encontrado morto em uma cadeia em São Paulo em dezembro do ano passado. Laudo indicou que ele morreu em decorrência da associação entre medicamentos ministrados por seu psiquiatra e uso de cocaína e maconha.

5-
Inclusor e 6 micrótomo Para que servem: equipamentos que preparam tecidos para a análise microscópica e ajudam a determinar as condições de saúde dos envolvidos em crimes ou acidentes. O inclusor retira a água e a gordura de pedaços de órgãos para deixar somente a essência. O que resta é misturado em blocos de parafina. Depois, são cortados em fatias finíssimas no micrótomo.

Elas são colocadas em lâminas e levadas a um dos microscópios do IML (a imagem é ampliada em até
2.400 vezes) em que casos foram usados: no do assassinato da menina Isabella Nardoni, asfixiada e jogada pela janela do apartamento de seu pai na noite do último dia 29
de março. A polícia pediu análise microscópica da garota.


Maeli Prado e Rafael Balsemão Revista da FolhaFolha de S.Paulo
http://www.apcf.org.br/%C3%81reaAberta/APCFNoticias/tabid/293/ctl/Details/mid/610/ItemID/1084/Default.aspx

Ladrão rouba carro com criança dentro e chama a polícia

Ladrão decide chamar polícia ao encontrar uma criança dentro do carro que havia roubado. Em Passo Fundo, no norte gaúcho, a polícia gravou a ligação do bandido. Ele demonstra indignação por ter que devolver o carro roubado, porque havia uma criança esquecida pelos pais.

Por: Cristiano dos Santos - Passo Fundo, RS
Era madrugada. O casal chegou de carro e estacionou próximo a um bar, no centro de Passo Fundo, no norte gaúcho. Segundo testemunhas, homem e mulher entraram no local para beber. Por volta das duas da manhã, o carro deles foi roubado.

O assaltante rodou por cinco quadras até perceber que não estava sozinho. No banco traseiro, dormia um menino de cinco anos. O ladrão não pensou duas vezes. A duas quadras de um telefone público, o ladrão abandonou o carro e ligou para o
190.
Quando o policial atendeu do outro lado da linha, o bandido, indignado, contou tudo o que se passou.

A conversa foi gravada pelos policiais:
Ladrão: - “
Seguinte, eu vou ser bem sincero pra ti, tá. Eu roubei um carro ali, tá, agora. E eu peguei o carro e tinha uma criança dentro, cara. E eu não vi, entendeu, não vi. Tu manda uma viatura lá e manda o filha da … do pai dele pegar ele e levar pra casa. Um piazinho, tá”.

O ladrão ainda mandou um aviso ao padrasto do garoto:
Ladrão:
- “E diz pro filho da… do pai dele se não ir… nova vez que eu pegar aquele auto e tiver o piá lá, eu vou matar ele”.

De acordo com a ocorrência, o padrasto e a mãe do menino só perceberam o que tinha acontecido depois de
40
minutos e só porque foram avisados pelos policiais. Hoje, eles prestaram depoimento na delegacia de proteção à criança e ao adolescente.

O padrasto não quer se identificar. Ele afirma que parou apenas para fazer uma entrega no local. “Como ela já estava dormente, ela disse: posso ficar no carro? Pode. Inclusive as portas do carro estavam abertas, com o vidro semi-aberto”, conta o padrasto.

A mãe e o padrasto devem responder por abandono de incapaz. a pena varia de seis meses a três anos de prisão. O conselho tutelar também está investigando o caso. “Negligência, né. Jamais a gente deixa uma criança dentro de um carro sozinha e principalmente de madrugada”, fala Tereza Cappellesso, conselheira tutelar.

http://dtdnews.wordpress.com/2008/09/18/ladrao-rouba-carro-com-crianca-dentro-e-chama-a-policia/


Relatório do Conselho da Condição Feminina.





Juizes
Antes de julgar a quem quer que seja, analise bem o que esta julgando para que ninguém venha algum dia julgá-lo erroneamente, e antes de bater o seu martelo pense duas vezes para que a mesma martelada não recaia sobre ti um dia.
S.Bernardelli






Esse relatório foi escrito por:
Beatriz C. Abagge aonde ela descreve, como foi acusada inocentemente e as torturas sofridas.







No dia 09 de setembro de 1992, o Conselho Municipal da Condição Feminina foi procurado por familiares de Celina Cordeiro Abagge e Beatriz Cordeiro Abagge, apresentando diversas denúncias de Violações dos Direitos Humanos e Cerceamento do Direito de Defesa, como pseudas implicadas no caso conhecido como “Ritual Satânico de Guaratuba”. Solicitaram que se procedesse à análise dos autos de Ação Penal nº. 150/92 – da Comarca de Guaratuba /PR, e confirmadas as denúncias se tomasse medidas cabíveis.

A solicitação, no início, causou mal-estar nas integrantes do Conselho, que, naturalmente, acreditavam na “estória” que havia sido noticiada. Mas, mesmo assim, resolveu-se estudar cuidadosamente o processo, tal era obrigação de um Conselho consciente, pois mesmo que culpados os Réus, a prática de tortura seria inadmissível.

Examinando o processo, por uma equipe formada por advogadas, psicólogas, terapeuta e assistente social do C.M.C.F. chegou-se à estarrecedora conclusão, que houve torturas diversas, para que três acusados (Réus: Osvaldo Vicente e Davi) “confessassem” um crime, que de tão bárbaro, não se acredita possa alguém cometê-lo, e para que ao mesmo tempo acusassem os demais pseudos implicados, tudo em completo desrespeito à Constituição Federal.

Isto ocorreu sem que tenha sido dado o direito de acompanhamento por advogado, nem foi respeitado o princípio maior da presunção da inocência, sendo tudo logo divulgado amplamente pela imprensa, em sensacionalismos extremados, que gerou um clamor público sem igual.

Verificou-se, com espanto, que a gravação em fita cassete, de uma “suposta confissão” das Rés Celina e Beatriz Abagge, assim como os laudos de “exame de lesões corporais” dos Réus, ao contrário do que havia sido amplamente divulgado, eram “verdadeiras provas” da “prática de tortura”.

Relatório do Conselho da Condição Feminina. I

Verificou-se que as lesões constatadas nos Réus: “marcas de choques elétricos nos polegares”, “várias escoriações e hematomas de até 12 cm. de extensão – cada”, estavam em perfeita consonância com a denúncia dos acusados. E que a “gravação em fita cassete” foi realizada sob “coação”, tendo os policiais por diversas vezes proferido ameaças, na própria “gravação”.

Tudo levou ao questionamento. Se houveram lesões e até na fita gravada se verificam ameaças, que tipo de inquirição foi levada a efeito?

Tudo levou ao questionamento: Se houveram lesões e até na fita gravada se verificam ameaças, que tipo de inquirição foi levada a efeito?

Verificou-se com maior estarrecimento que as torturas foram imediatamente denunciadas e nenhuma autoridade sequer tomou qualquer providência para a apuração da verdade, acomodando-se com a versão incrível divulgada na imprensa e que não corresponde ao que é encontrado nos autos.

Estarreceu ainda mais, a este Conselho a entrevista jornalística do Sr. Diógenes Caetano Filho (parente do menor desaparecido e que se diz mor-orientador das investigações policiais) publicada pelo jornal Estado do Paraná, edição nº
12472, de 09 de novembro de 1992
, onde também se verifica perfeita trama para envolver os acusados em outro crime (do desaparecido Leandro Bossi). Isto porque ocaso o “exame DNA” resulte “negativo”, restará provado que não houve o crime contra Evandro Caetano e, toda a estória urdida constante da denúncia ficará sem fundamento.

Do estudo aprofundado do processo de Ação Penal nº.
150.92 – de Guaratuba, chega-se à conclusão que: é em seu todo um testemunho de tirania da força, que substituindo a Justiça, usou de tortura para extrair pessoas inocentes, a “confissão” de um crime montado por uma mente doentia e acatado por autoridades desinformadas.

Relatório do Conselho da Condição Feminina.II

Já dizia Cícero que:

“É Necessário Que Sejamos Escravos Das Leis Para Que Possamos Ser Livres”.

No “Caso de Guaratuba” a lei maior foi rasgada, pois os mais comezinhos princípios de direitos humanos, foram aos acusados negados. A Justiça foi aviltada, pois aqueles que por ela respondem usaram da parcialidade e promoveram a força.

O que será mais terrível para o homem:
Tirar Sua Vida Ou Privá-lo Da Liberdade?

No histórico que se segue, totalmente extraído das peças dos autos, procura este C.M.C.F. demonstrar a Verdade. Procura também, demonstrar que tudo não passa de uma estória engendrada, obtida sob torturas horrendas e sem precedentes. Procura, por fim, mostrar o cerceamento do direito de defesa e a perda da liberdade sem fundamento, das pessoas inocentes. Isto porque outra não pode ser a conclusão daquele que imparcialmente estuda com profundidade do processo.

Entre as muitas atribuições do Conselho Municipal da Condição Feminina está a de: "Zelar pelo respeito e ampliação dos direitos da mulher no que concerne ao exercício de sua cidadania e desempeno de suas atividades”.


Do estudo dos autos pode-se concluir que:

Dia 06 de abril de
1992, às 08h30m, o Prefeito Aldo Abagge e sua esposa Celina Cordeiro Abagge, após abastecerem seu veículo, partem de Guaratuba para Curitiba. Tal dia era aniversário de morte do pai do Sr. Aldo, sepultado em Curitiba. Em Curitiba chegam em seu apartamento por volta das 10:30/11h00m. e vão almoçar. Celina telefona ao dentista pedindo para desmarcar seu atendimento. Compram flores e vão ao Cemitério Municipal. (fls. 537, 538, 903 e v. , 931, 935 e 957).

Relatório do Conselho da Condição Feminina.III

Entre as 09h00m e 11h30m, desse mesmo dia (06/04/92), o menino Evandro Ramos Caetano desaparece em Guaratuba. (fls. 11, 12, 13).

Como poderia nesse horário Celina ter sido vista em companhia de Evandro Caetano para Guaratuba?Por que somente
130
(cento e trinta) dias após o desaparecimento surgiu uma testemunha que disse ter havido seqüestro?
Por que esta testemunha em seus depoimentos anteriores nada disse sobre tal seqüestro?
Esta testemunha é digna de fé?

Beatriz C. Abagge ficou em Guaratuba, acordou por volta das
11h00m. Naquela tarde ela saiu de casa para ir ao Banco e a Secretaria Municipal de Educação, tendo estado com testemunhas. As 20h00m
Beatriz dirige-se ao centro espírita da cidade. Lá é convidada para ir até a casa dos pais do menino desaparecido, onde seriam realizadas orações para ajudar a encontrar a criança.

Fizeram orações num quartinho da casa. Terminando, Beatriz retornou para sua residência, deixando os que realizariam mais orações
(fls. 528, 898 e v. 931 e 961).
No início da noite o Sr. Aldo e sua esposa Celina retornam de Curitiba, encontrando diversos policiais locais em sua residência à esperá-los.

Queriam que o Prefeito autorizasse “cota de combustível” para a procura do menor desaparecido. Este assina autorização para os policiais. Celina Abagge chega a juntar um grupo de pessoas e com elas, em seu automóvel, também promove buscas até altas horas.
(fls. 537, 538, 931, 936, 957 e 958).

No dia seguinte
(07/04/92) as buscas ao menino desaparecido continuam, sem que nenhuma pista seja descoberta (fls. 13). Neste dia 07/04/92 Celina Abagge providencia reuniões com professoras no CEMIC e Creches, nos períodos da manhã e tarde. Às 19h00m, retorna para sua residência em companhia da testemunha Maria José, deixando-a na Associação dos Magistrados
(fls. 537, 538, 931v, 932, 935 e 939).

Relatório do Conselho da Condição Feminina.IV

Em casa, Celina encontra o Vereador Valdemar Travassos e o Páraco da cidade. Por volta das 19h30m também chega na residência o Vereador Edílio da Silva. Antes de jantarem, Celina lembra ao marido que naquele dia se realizaria o aniversário do Sr. Nelson Cordeiro e que como Prefeito tinha obrigação de comparecer.

O Vereador Edílio vai embora. Celina e o Sr. Aldo após trocarem de roupa saem para a festa do aniversário. Beatriz fica em casa em companhia do Vereador Travassos e do Pe. Adriano e jantam juntos.
(fls. 537, 538, 901, 903, 904, 905 e 928).

Naquela tarde o Prefeito havia solicitado ajuda à Polícia Civil em Curitiba, tendo sido designado o “Grupo Tigre” para investigações. Os policiais do “Grupo Tigre” chega a Guaratuba por volta das 21h00m, indo à casa do Prefeito.
(fls. 37 e 404).

Na residência são atendidos por Beatriz, que informa que seus pais foram ao aniversário. Os policiais vão à casa dos pais do menor desaparecido, retornando em vinte minutos à residência do Prefeito, onde permanecem aguardando a chegada deste em companhia de Beatriz
(fls. 528, 529, 404, 536 e 537).

Como poderia Beatriz estar em um “Ritual Satânico”, neste mesmo dia e horário, na Serraria de seu pai?Na festa o Prefeito e Celina permanecem em companhia de diversas testemunhas, retornando por volta das 23h00m, para casa, onde encontram os policias do “Grupo Tigre”, ficam conversando (sobre alojamentos para o “grupo” e sobre o desaparecimento).

No momento em que os policiais se despediam, aparece em frente a residência o Sr. Diógenes Caetano, tio do menino desaparecido e notório inimigo político do Sr. Aldo Abagge. Diógenes acusa o Prefeito e Celina de “assassinos” e "traficantes de órgãos". Ocorre entrevero – presenciado pelos policiais
(fls. 528, 529, 537 e 760).

Como poderia Celina estar em um “Ritual Satânico”, nesse mesmo dia e horário, na Serraria de seu marido?
Como poderia Diógenes ter certeza de que a criança já estava morta, quando todos acreditavam poder encontrá-la com vida?Como pode o Sr. Diógenes Caetano, antecipadamente, ter previsto que iriam encontrar o menor morto e sem órgãos?

Quatro dias mais tarde, dia
11/04/92 é encontrado em um matagal, um corpo de criança completamente mutilado, com ausência dos órgãos internos e em estado adiantado de putrefação. A chave da residência do menino Evandro é encontrada nas proximidades desse cadáver
(fls. 14,15, 16, 17, 18, 19 e 20).

Por que o estado de putrefação do corpo é muito mais adiantado do que aquele que devia existir em razão do pouco tempo do desaparecimento do menino?
Por que o corpo estava mutilado, sem condições de reconhecimento?
E, sem órgãos?Por que o criminoso deixaria a chave da casa de Evandro junto ao cadáver?

Relatório do Conselho da Condição Feminina.V

Dia 12/04/92 a dentista Adaíra Kessin Elias reconhece o corpo encontrado, como sendo o de Evandro. Apesar de afirmar que não faz registro de seus pacientes, reconheceu, de memória, restaurações que disse haver realizado. Afirmou ter extraído o dente “64” (laudo de reconhecimento).

Por que o reconhecimento se deu, se o dente que a dentista afirmou que extraiu, consta descrito no laudo como existente na arcada dentária do cadáver?

Treze dias após, dia
24/04/92, é encontrada uma “sandália de dedo”, com tiras de pano, nas proximidades do local, que foi reconhecida pelos pais do menino Evandro como sendo a que este usava no dia do desaparecimento
(fls. 52/53/54).

Por que a “chave da casa” e a “sandália de dedo” estavam próximas ao cadáver, que não possuía mãos nem dedos dos pés?

As investigações prosseguem pelo grupo Tigre, sem que nada conclusivo seja descoberto. O Sr. Diógenes informa diversas “pistas” aos policiais – sem porém querer revelar suas fontes. Diversas dessas pistas são seguidas – nada é encontrado. Os policiais passam a não darem ouvidos a Diógenes, que fala em terreiros, responsos, magia, e tráfico de órgãos.
(fls. 22 à 93, 404, 760 à 762).

No dia
29/05/92 Diógenes presta declarações na Coordenadoria das Promotorias Criminais – em Curitiba – relatando diversas e confusas acusações a Osvaldo Marcineiro, Celina Abagge e Beatriz Abagge (fls. 254 a 263).

Por que se acreditou nas alucinantes e fantasmagóricas acusações de Diógenes Caetano incriminando inimigas pessoais deste, sem outras provas quaisquer? Por que o depoimento foi prestado em Curitiba?

Relatório do Conselho da Condição Feminina.VI

No dia 01/07/92 à noite – policiais militares do “serviço de inteligência” prendem Osvaldo Marcineiro, levando-o a residência vazia do Ex-Presidente Alfredo Stroessner, em Guaratuba. Este é torturado e supostamente “confessa” ter praticado o crime num “ritual”, acusando Celina, Beatriz e Vicente de terem-no ajudado.

Às
02h00m, da manhã é ouvido no quartel da Polícia Militar em Matinhos, além de ter dado declarações no Fórum (?) , tudo sem a presença sequer de um advogado (fls. 104, 424, 521, 533, 534
e laudo de gravação de declarações da Escrivã do crime – de Guaratuba).

É normal levar um suspeito em casa particular vazia, para interrogatório?
É normal ser inquirido no fórum às 02h00m da madrugada?
Quem estava presente quando desses “depoimentos”?

Por que não lhe foi dado o direito de ser assistido por advogado?Em apenas 04 (quatro) dias seria possível se coletar provas suficientes para a prisão?
Quais eram as provas concretas existentes?
Por que foi usada uma casa particular vazia?
Qual foi o método de inquirição do “serviço de inteligência”?

Às 07h30m da manhã do dia seguinte à residência do Prefeito é cercada por policiais, vestidos com coletes da Polícia Federal. Às 08h30m estes invadem a casa, munidos de metralhadoras, sem mandado de prisão, para prenderem a esposa e uma das filhas do Prefeito
(fls. 530, 538, 946 e v.).

Seriam mesmo policiais Federais?
Quais eram as provas existentes para se efetuar a prisão de Celina e Beatriz Abagge?Por que não houve nenhuma verificação sobre a “estória” do réu que as acusou?

Relatório do Conselho da Condição Feminina.VII

O Advogado Dr. Silvio Bonone aparece na casa questionando os policiais sobre a existência do mandado de prisão. O Advogado questiona, insiste. Os policiais ameaçam-no com uma metralhadora. Pequena aglomeração inicia-se na frente da residência.

O advogado telefona para a casa da juíza e um homem informa que esta os atenderá no fórum. Todos resolvem ir ao fórum verificar as acusações e a legalidade da prisão. Celina e as duas filhas seguem no automóvel do Advogado, escoltadas por duas viaturas policiais.

No fórum, apenas alguns funcionários (o expediente ainda não havia iniciado). Todos ficam aguardando a juíza na sala de audiências
(fls. 530 e v., 538 e v., 946 e v., 947).
Um policial aparece na porta e chama por Celina e Beatriz, todos se levantam e as acompanham.

Outro policial se põe à frente do Advogado, o Advogado protesta, o policial tenta explicar as razões de tal procedimento, o Advogado insiste, porém não consegue passar pelo policial
(fls. 53 e v., 538v, 946 e v. e 947 e v.).

Celina e Beatriz são conduzidas à um automóvel que sai do local às pressas, “guinchando pneus”. Ao ouvir o barulho o policial afirma: “Meu serviço está terminado, pode procurar suas clientes – elas foram levadas para prestar depoimento na Delegacia da Polícia Federal em Paranaguá”.
(fls. 530 e v., 538v, 946v, 947 e v.).

Relatório do Conselho da Condição Feminina.VIII

Por que o policial impediu o advogado de acompanhar suas clientes?É normal, policial seqüestrarem pessoas, impedindo que sejam ouvidas pelo juiz da comarca na presença de advogado?Por que não esperaram a juíza e o promotor para inquiri-las?Por que até então não foi mostrado qualquer “mandado de prisão”?

O Advogado e a outra filha do Prefeito de nome Sheila resolvem ir até Paranaguá a procura das presas. Passam em casa e pegam dinheiro, param no posto, colocam combustível e partem. Em Paranaguá foi informado, que a prisão foi efetuada por policiais da
“P2”
– “Serviço de inteligência da Polícia Militar do Paraná”.

E que não foram levadas para aquela delegacia. Ambos retornam à Guaratuba e efetivam buscas em todos os locais. Tentam inclusive conversar com a Juíza, sendo que são atendidos por um policial armado com metralhadora que informa que esta não está.
(fls. 947v e 948 e v.).

Por que os policiais do “serviços de inteligência" estavam usando coletes da Polícia Federal, na hora da prisão?
Onde estava a juíza da comarca?

Na delegacia local não encontram Celina e Beatriz. No Fórum nenhuma informação. Passam a procurar pelos arredores da cidade e nada conseguem. Outros familiares e amigos procederam, iguais na buscas, nada encontrando.
(fls. 947v., 948 e v.).

Enquanto isso o automóvel segue em direção à Joinville. Um dos policiais ordena (apontando a metralhadora) que se abaixem: “para que não sejam reconhecidas” – diz.
(fls. 530, 531, 538v.).

O automóvel segue em alta velocidade durante algum tempo. A certa altura para na estrada. Os policiais permitem que ambas as presas se levantem. Celina reconhece a estrada. Um policial sugere que fujam “para matá-las pelas costas” – diz
(fls. 530, 531, 538v.)