quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Prisão Abusiva

Réus na ação penal, o pai e a madrasta da garota assassinada alegam inocência. Há indícios periciais que contrariam a versão do casal, assim como existem falhas no inquérito. Não há mal nenhum em que aguardem o julgamento em liberdade. Concorde-se ou não com a prisão preventiva, a imagem e a integridade física do casal precisariam ter sido protegidas pela polícia.

As autoridades estavam obrigadas a frustrar a expectativa da mídia, mas colaboraram ativamente para o show de truculência que foram à prisão e a transferência de duas pessoas que não ofereciam risco. Esse tipo de ação mercurial, marqueteiro, das autoridades pode saciar desejos primitivos de vingança, mas não vai diminuir o descrédito na Justiça.

Um processo rápido, bem assentado em provas, em que a ampla defesa não se confunda com protelação prestaria um serviço efetivo. Casos de homicídio que permanecem inconclusos por oito, dez anos após o crime abalam, estes sim e de modo duradouro, a imagem do Poder Judiciário.

A pirotecnia e o massacre do direito de defesa que se verificam no caso Isabella não contribuem em nada para melhorar esse quadro.



[Editorial publicado na Folha de S.Paulo, desta sexta-feira, 9 de maio].