sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Mãe acusada de pôr cocaína na mamadeira da filha é inocentada.

Daniele acompanhou depoimentos das testemunhas de acusação,
em junho deste ano.

Juiz não ficou convencido do crime por falta de provas que a responsabilizem; ela perdeu parte da audição


SÃO PAULO - A Justiça de São Paulo inocentou na última sexta-feira, 29, a dona de casa Daniele Toledo do Prado, de 23 anos. Em outubro de 2006 ela ficou,
37 dias presa, acusada de matar a filha Vitória Maria do Prado Iori Camargo, de 1 ano, por colocar cocaína no leite da mamadeira. "Eu merecia isso depois de tanto sofrimento", disse a mãe da criança nesta terça-feira, 2.


De acordo com a Justiça, o juiz Marco Antônio Montemór, da Vara Criminal de Taubaté, no Vale do Paraíba, considerou a denúncia improcedente. Em sua sentença, o magistrado diz que "não foi convencido da materialidade do crime e não há provas diretas ou indiretas que incriminem a acusada".


A absolvição de Daniele foi pedida, inclusive, pelo promotor João Carlos Camargo Maia, que a havia denunciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e meio cruel, pedindo pena de 280 anos de cadeia. Na época, a denúncia foi feita com base em laudo preliminar, que acabou desqualificado quando o Instituto Médico Legal e uma contraprova deixaram claro que não havia cocaína na mamadeira.

Ainda na sentença, o juiz declarou que "não se mostrou, ainda e finalmente, que alguma ação ou omissão materna tenha relevância causal inequívoca (ou suposta que fosse, ainda que por mera suspeita), com o resultado morte, cuja causa também é desconhecida".Segundo Daniela, nos próximos dias deverá ser aberto um processo contra o Estado por danos morais e materiais. Ela ainda vai pedir a reabertura do processo para apurar a morte da filha. "Espero que desta vez a justiça não seja feita às avessas. Quero saber se houve negligência ou qual o verdadeiro diagnóstico", reclamou.

O delegado seccional de Taubaté, Roberto Martins de Barros, preferiu não comentar o assunto. A médica que estava como plantonista no dia da morte da criança, Elisangela Calheiros dos Santos Valente, não presta mais serviços para o Pronto-Socorro da cidade e não foi localizada. O diretor de Departamento de Saúde de Taubaté, Pedro Henrique Silveira, também não foi localizado.